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segunda-feira, 5 de março de 2012

Carnaval com Martha Medeiros


                        O embarque já estava acontecendo quando cheguei ao aeroporto, como sempre eu já estava com o chek-in pronto e o cartão de embarque impresso, como quase sempre eu estava atrasado, tudo bem, era só embarcar mesmo. Mas, opa! desta vez eu tinha bagagem para despachar! Viajo com freqüência apenas com a bagagem de mão, mas desta vez era uma merecida viagem de folga na semana do Carnaval, portanto, não dava pra levar somente o notebook. Embora fosse uma mala pequena, certamente não caberia no compartimento de bagagem. Consegui a prioridade no despacho porque o vôo já estava em última chamada.
                        Passei para a sala de embarque e me lembrei de que não tinha levado nenhum livro. Falha gravíssima, livro em viagem, pra mim, é como se fosse parte do meu corpo, é o membro a mais que infelizmente poucos possuem. Entrei em quase desespero, teria que me contentar com a revista de bordo. E se fosse uma que eu já havia lido? O que era muito provável. Olhei para a fila do embarque, ainda estava grande e eu estava bem em frente a uma livraria (bookstore – chique - na linguagem dos aeroportos), não tive dúvidas, me joguei pra dentro dela. A mente trabalhando a mil, não poderia ficar ali namorando os livros como sempre faço, como gosto de fazer, teria que ser rápido e já estava pedindo ajuda aos deuses quando ela me acenou.
                        Lá estava ela, na estante da livraria, bem visível diante dos meus olhos: Martha Medeiros! Um livro que eu ainda não havia lido, era tudo o que eu precisava. Um olho no caixa (que estava vazio, graças a Deus) e o outro na fila de embarque chegando ao seu fim. Entreguei o livro e o cartão de crédito juntos, não queria nem saber o preço, queria pagar e embarcar de uma vez antes que fechassem o vôo. Fui o último a embarcar, isso não é bom, você corre o risco de ter que viajar com a bagagem de mão nos pés, se os bagageiros já estiverem lotados. Neste caso você passa a ter uma bagagem de pés, te incomodando a viagem toda porque reduz ainda mais o espaço já tão apertado das aeronaves. Mas tudo bem, férias, eu estava duplamente feliz com a minha amiga embaixo do braço. Que venham as conexões, porque tempo temos de sobra e nenhuma pressa mais. E assim fomos felizes curtir juntos o Carnaval nas praias paradisíacas de Florianópolis.
                        Não é segredo e quem tem acompanhado a minha trajetória nesta brincadeira de escrever (que levo muito a sério) sabe que sou fã, de longa data, desta cronista, escritora, poeta, romancista, doida e divina (fazendo analogia a ela mesma em Doidas e Santas). Gosto do seu estilo despojado e inteligente, sua simplicidade e elegância na forma como nos mostra as suas verdades. Ela me inspira e mais que isso é como se fosse a minha Guru, porque, às vezes, acho que o que escrevi está tão simples, tão sem graça, totalmente dispensável e aí leio alguma coisa dela que acho exatamente tudo isso. Ora, se ela, que é Ela, escreve (e publica) crônicas às vezes, na minha opinião, mixurucas e dispensáveis, porque eu não haveria de fazer o mesmo? E faço, vai pro blog e azar se não gostarem.
                        Se ela, que é Ela, não consegue agradar a todo mundo, não serei eu que vou me sacrificar pelo simples prazer de escrever. Nem sei por que esta crônica está tomando este rumo, a proposta era comentar o meu Carnaval na companhia dela. Ah!, já sei porque tomou este rumo, é porque gosto dela e fico empolgado quando ela é o tema do assunto. Ponto final.
                        Voltando ao tema, o Carnaval foi ótimo conforme já o descrevi na crônica anterior, o que eu não havia dito é que houve dias em que eu não estava muito no espírito de praia com algazarra, bebidas e palhaçadas. Nestes dias eu preferi a companhia de Martha Medeiros, que não chegou a incomodar, mas causou certo espanto em alguns. Não por ela, óbvio, mas por mim, vamos combinar que livro e praia combinam em um ambiente calmo, sereno, tranqüilo, com criancinhas brincando na areia, na água, não no meio de um povo nervoso, ao som (alto, frise-se) de eletro dance. Pois foi nesse clima que ficamos e ficamos muito bem. Foi o livro perfeito porque entre umas crônicas e outras dava para fazer uma pausa, interagir um pouco com a galera e voltar pra leitura. Senso de companheirismo, porque ninguém merece a companhia de intelectualóides em pleno Carnaval!
                        Confesso que a façanha teve lá o seu charme também, entre aquela balbúrdia toda chamava a atenção alguém alheio a tudo o que estava acontecendo entregue a um livro. Chamamos a atenção pelo silêncio e alheamento. Ponto pra nós que divulgamos cultura.
                        Martha Medeiros é sempre uma boa leitura, em qualquer lugar e a qualquer hora. Então, faça as malas companheira, nosso próximo destino é Paraty!

2 comentários:

  1. Eu pensei que você estava lendo Harry Potter na praia!!! hehehe. Abraço. Adorei tuas crônicas.

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  2. A fase Harry Potter já passou... mas foi um bom incentivo! rsrsrs

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