O
embarque já estava acontecendo quando cheguei ao aeroporto, como sempre eu já
estava com o chek-in pronto e o
cartão de embarque impresso, como quase sempre eu estava atrasado, tudo bem,
era só embarcar mesmo. Mas, opa! desta vez eu tinha bagagem para despachar!
Viajo com freqüência apenas com a bagagem de mão, mas desta vez era uma
merecida viagem de folga na semana do Carnaval, portanto, não dava pra levar
somente o notebook. Embora fosse uma
mala pequena, certamente não caberia no compartimento de bagagem. Consegui a
prioridade no despacho porque o vôo já estava em última chamada.
Passei
para a sala de embarque e me lembrei de que não tinha levado nenhum livro.
Falha gravíssima, livro em viagem, pra mim, é como se fosse parte do meu corpo,
é o membro a mais que infelizmente poucos possuem. Entrei em quase desespero,
teria que me contentar com a revista de bordo. E se fosse uma que eu já havia
lido? O que era muito provável. Olhei para a fila do embarque, ainda estava grande
e eu estava bem em frente a uma livraria (bookstore
– chique - na linguagem dos aeroportos), não tive dúvidas, me joguei pra dentro
dela. A mente trabalhando a mil, não poderia ficar ali namorando os livros como
sempre faço, como gosto de fazer, teria que ser rápido e já estava pedindo ajuda
aos deuses quando ela me acenou.
Lá
estava ela, na estante da livraria, bem visível diante dos meus olhos: Martha
Medeiros! Um livro que eu ainda não havia lido, era tudo o que eu precisava. Um
olho no caixa (que estava vazio, graças a Deus) e o outro na fila de embarque
chegando ao seu fim. Entreguei o livro e o cartão de crédito juntos, não queria
nem saber o preço, queria pagar e embarcar de uma vez antes que fechassem o
vôo. Fui o último a embarcar, isso não é bom, você corre o risco de ter que
viajar com a bagagem de mão nos pés, se os bagageiros já estiverem lotados.
Neste caso você passa a ter uma bagagem de pés, te incomodando a viagem toda
porque reduz ainda mais o espaço já tão apertado das aeronaves. Mas tudo bem,
férias, eu estava duplamente feliz com a minha amiga embaixo do braço. Que
venham as conexões, porque tempo temos de sobra e nenhuma pressa mais. E assim
fomos felizes curtir juntos o Carnaval nas praias paradisíacas de
Florianópolis.
Não é
segredo e quem tem acompanhado a minha trajetória nesta brincadeira de escrever
(que levo muito a sério) sabe que sou fã, de longa data, desta cronista,
escritora, poeta, romancista, doida e divina (fazendo analogia a ela mesma em
Doidas e Santas). Gosto do seu estilo despojado e inteligente, sua simplicidade
e elegância na forma como nos mostra as suas verdades. Ela me inspira e mais
que isso é como se fosse a minha Guru, porque, às vezes, acho que o que escrevi
está tão simples, tão sem graça, totalmente dispensável e aí leio alguma coisa
dela que acho exatamente tudo isso. Ora, se ela, que é Ela, escreve (e publica)
crônicas às vezes, na minha opinião, mixurucas e dispensáveis, porque eu não
haveria de fazer o mesmo? E faço, vai pro blog
e azar se não gostarem.
Se
ela, que é Ela, não consegue agradar a todo mundo, não serei eu que vou me
sacrificar pelo simples prazer de escrever. Nem sei por que esta crônica está
tomando este rumo, a proposta era comentar o meu Carnaval na companhia dela.
Ah!, já sei porque tomou este rumo, é porque gosto dela e fico empolgado quando
ela é o tema do assunto. Ponto final.
Voltando
ao tema, o Carnaval foi ótimo conforme já o descrevi na crônica anterior, o que
eu não havia dito é que houve dias em que eu não estava muito no espírito de
praia com algazarra, bebidas e palhaçadas. Nestes dias eu preferi a companhia
de Martha Medeiros, que não chegou a incomodar, mas causou certo espanto em
alguns. Não por ela, óbvio, mas por mim, vamos combinar que livro e praia
combinam em um ambiente calmo, sereno, tranqüilo, com criancinhas brincando na areia, na água, não no meio de um povo nervoso, ao som (alto, frise-se) de eletro dance. Pois foi nesse clima que
ficamos e ficamos muito bem. Foi o livro perfeito porque entre umas crônicas e
outras dava para fazer uma pausa, interagir um pouco com a galera e voltar pra
leitura. Senso de companheirismo, porque ninguém merece a companhia de
intelectualóides em pleno Carnaval!
Confesso
que a façanha teve lá o seu charme também, entre aquela balbúrdia toda chamava
a atenção alguém alheio a tudo o que estava acontecendo entregue a um livro.
Chamamos a atenção pelo silêncio e alheamento. Ponto pra nós que divulgamos
cultura.
Martha
Medeiros é sempre uma boa leitura, em qualquer lugar e a qualquer hora. Então,
faça as malas companheira, nosso próximo destino é Paraty!
Eu pensei que você estava lendo Harry Potter na praia!!! hehehe. Abraço. Adorei tuas crônicas.
ResponderExcluirA fase Harry Potter já passou... mas foi um bom incentivo! rsrsrs
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