Para R.
E então
você chegou, sem avisar, do nada, se materializando à minha frente, em um
momento de um determinado dia, quando eu já não esperava mais nada. Pela
lógica, porque buscamos racionalizar tudo, não haveria propósito na sua
chegada, àquela hora, naquele dia, naquele local. Mas você chegou. E eu que já
estava cansado, de repente me senti revigorado, com vontade de parar o tempo
porque sabia que ele já não conspirava a favor. O cansaço virou urgência.
O
inusitado, o improvável, o imprevisível. Logo comigo que não sei lidar muito
bem com a imprevisibilidade. Logo comigo que sou cartesiano. Logo comigo que
gosto de estar centrado em situações assim. No meu habitat me sentindo um estranho. Tentei racionalizar e me afastar,
mas havia uma energia que me atraia e eu buscava, desesperadamente, no branco
mental que nos acomete nessas horas, assuntos que pudesse te fazer ficar ali e
me ouvir.
Hoje
sei que você passou por tudo isso também, sentiu tudo isso também e até mais,
porque você era quem estava em terreno estranho. Mas como tudo tem um propósito
e nada é por acaso, os caminhos se cruzaram no exato momento em que deviam se
cruzar.
E que
bom que houve o encontro, porque sabemos que o que sentimos não poderia ser
dividido, compartilhado, a não ser por nós mesmos. Valeu a pena ontem, está
valendo a pena hoje e há de valer a pena amanhã. Enquanto houver a conexão na
mesma onda de vibração, valerá. “Dame
tiempo para darte todo lo que tengo...”
Se eu
fosse compositor te faria uma música, se fosse poeta te faria uma poema, como
só sei escrever, escrevo e vou deixar para as atitudes o resto. Há em você
sensibilidade suficiente para entender cada uma delas, cada demonstração que
vai bem além do carinho. Isso, por si só, já me é de um valor inestimável.
Essa
cumplicidade que estabelecemos é o que há de melhor. Porque como cúmplices
estamos tendo o melhor um do outro, rindo o mesmo riso e chorando o mesmo
pranto. Partilhando vivências e comungando novas experiências. E quando temos
isso, uma vida envolvida por outra vida, temos o estimulo necessário para
seguirmos adiante apesar dos “poréns”.
Sim,
vamos revisitar lugares, tomar banho de chuva, ver o pôr do sol, fazer chá para
aliviar a gripe, dançar sem música, fazer piquenique, tomar água de côco à
beira mar, reunir amigos, fugir deles às vezes, ir ao circo, comer pipoca no
cinema, aguentar as crises um do outro, comemorar as vitórias, consolar nas
derrotas, repensar algumas coisas, rever alguns conceitos, aturar algumas
manias, fazer algumas concessões, pequenas renúncias, dormir abraçados, comer
chocolate, viver.
E depois
de tudo, só me resta dizer que ter você na minha vida me faz muito feliz e que,
à minha maneira, este és, si, una
declaración de amor.