Dia destes estava almoçando em um
restaurante, daqueles em que há um aparelho de televisão que ninguém consegue
ouvir o que se está assistindo, mas que sempre funcionam com aqueles que são
viciados na telinha e ficam hipnotizados por ela em qualquer lugar, mesmo
quando estão acompanhados. A companhia fica sempre em segundo plano.
Estava passando um programa que deduzi ser de
debate, ao qual eu não dei a mínima atenção, até porque não conseguia ouvir nada
mesmo, então preferi me concentrar no meu prato (estava almoçando sozinho), até
o momento em que surgiu na tela a cena do filme Harry & Sally – Feitos Um
Para o Outro, quando Sally (Meg Ryan) finge um orgasmo para Harry (Billy
Crystal) em pleno restaurante. A cena é ótima e eu a assisti imaginando ela
acontecendo exatamente onde eu estava, comecei a rir (internamente) imaginando
as pessoas que me rodeavam sendo os coadjuvantes. Mesmo sendo divertida, a que se passou pela minha imaginação foi muito
mais.
A partir daí não foi muito difícil chegar à
conclusão de que o tema em discussão era sexo e orgasmo. Este assunto não se
esgota nunca, por mais que se viva e por mais que se pratique. Desde o tempo em
que as mulheres eram arrastadas pelos cabelos para dentro das cavernas aos dias
atuais – quando são elas quem arrastam os homens como autenticas predadoras - enquanto
o mundo for mundo, sexo sempre será tema de debates e com ele o tal ponto “G”.
Vou entrar neste debate na contramão. Sempre
se discute a insatisfação das mulheres, pois bem, os homens também nem sempre
estão satisfeitos. Não temos o tal ponto “G”, em contrapartida temos todos os
outros pontos, de “A” a “Z”, espalhados pelo corpo e ninguém se preocupa com
eles. Os homens também andam insatisfeitos, principalmente porque passaram de
caçadores a caçados e as mulheres têm sido egoístas o suficiente para se
preocuparem apenas consigo esquecendo que as suas caças também necessitam de
prazer.
Elas conseguiram, ao longo dos tempos,
merecidamente, muitas conquistas, mas o maldito orgasmo ainda é uma conquista
pela qual muitas ainda estão em constante e eterna batalha. Embora o assunto já
não seja tabu há muito tempo, ainda assim é sempre uma reivindicação velada. Este
é o problema, se debate em público, mas não se fala na intimidade. Sexo tem que
ser falado, aprendido sempre, porque ninguém tem curso de adivinhação para
saber do que o outro gosta.
Sexo é como comida, a gente vai aprendendo a
gostar experimentando, tem o que nos faz salivar de desejo só em pensar e tem
também o que não gostamos muito, mas que encaramos só pra agradar. Faz parte da
troca de prazer que não deve ser egoísta. Podemos até não gostar muito de
determinado jeito, de determinada prática, mas temos o dever de deixar o outro
satisfeito se queremos também ter prazer de forma que nos agrade. Tem que haver
a troca, porque senão a balança fica desequilibrada e um dia a casa cai.
E mulheres, pelo amor de nossa senhora dos
prazeres, os homens também tem outras zonas erógenas além do dito cujo. Temos
um corpo todinho cheio de locais (de “A” a “Z”, lembram?) que podem ser
prazerosos, além daqueles centímetros que vocês bem conhecem. Assim como vocês,
também gostamos de carinho e temos tesão em locais que vocês nem imaginam. Tem
homens que vão à loucura se são tocados nos peitos, igualzinho a algumas de
vocês. Outros não sentem nada, também igualzinho a vocês.
Tem aqueles que gostam, sim, de levar uns
tapas na hora do rala e rola. Onde? Bem, aí vocês tem que perguntar porque
varia de pessoa pra pessoa. Homem também tem bunda e alguns ficam
excitadíssimos se você começar a acariciá-la. Tem aqueles que vão às estrelas
com o tal “fio terra” e isso não tem nada a ver com a sua opção sexual. É
apenas uma zona erógena como qualquer outra.
Ah! E não se esqueçam de que os brinquedinhos
de sex shop podem render uma
excelente transa. Sexo tem que ser divertido também. Riso e prazer combinam
mais que orgasmos fingidos e noites frustradas.
Como se vê, o cardápio é bem diversificado,
então não se contente com o prato básico que você está acostumada(o).
Experimente outras possibilidades, se não gostar não precisa repetir, só não
recuse antes mesmo de provar.
Bon Appétit!
Vídeo: Harry & Sally
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