A uma
semana do Carnaval eu vou falar de Fé. Nada contra a festa pagã, acho um
feriadão ótimo pra descansar, ou não, dependendo do estado de espírito. Já tive
vários tipos de Carnaval, inclusive um que passei todos os dias em casa, vendo
os desfiles pela TV (todas as escolas, de todas as transmissões) e dormindo o
dia todo. Tem gosto pra tudo, vai entender o ser humano, vai entender a si
próprio. Sou assim, procuro fazer só o que estou afim (embora isso nem sempre
seja possível, infelizmente).
Resolvi
falar de Fé porque não tenho nada a dizer sobre o Carnaval, ainda. Talvez eu
escreva alguma coisa sobre ele depois que passar, porque me programei para ter
um bastante divertido este ano. Pessoal da Casa da Lua, em Floripa, se cuidem,
vocês podem ser destaque aqui na próxima crônica, e eu falo mesmo! E se der
vontade de falar do Carnaval no Natal é assim que vai ser. Essa é a proposta,
escrever por prazer e sobre o que der na telha. Isso tem gosto de liberdade e
não tem preço (credit card, não vivo
sem!). Nas minhas palavras mando eu!
Mas
vamos deixar isso pra depois e vamos ao tema proposto: Fé. É o que tem pra
hoje!
Descobri
que para os incrédulos nenhuma explicação é satisfatória e para os que têm fé
não é preciso nenhuma explicação. Li isso, ou alguma coisa mais ou assim, em
algum lugar e depois de refletir um pouco passei para a ação, ou seja, parei de
questionar tanto os crentes (entenda-se os que crêem) e passei a cultivar e
cultuar a minha fé. E não é que tem dado certo!
Para
se falar de fé não há como não se falar de religião. É pela religião que
praticamos a nossa fé e quer você queira ou não, você é adepto de alguma.
Quando me refiro a religião aqui me refiro a qualquer manifestação de crença,
seja ela reconhecida como religião, seita, culto, filosofia ou o nome que você
queira dar. Estou me referindo à religião na forma mais genérica que o termo
possa ter, ou seja, o meio, qualquer meio, pelo qual se pratica a fé. Li em uma
tese tendo como foco a religião que “não há registro em qualquer estudo por
parte da História, Antropologia, Sociologia ou qualquer outra
"ciência" social, de um grupamento humano em qualquer época que não
tenha professado algum tipo de crença religiosa. As religiões são então um
fenômeno inerente a cultura humana”*.
O
mesmo trabalho nos lembra que “grande parte de todos os movimentos humanos
significativos tiveram a religião como impulsor, diversas guerras, geralmente
as mais terríveis, tiveram legitimação religiosa, estruturas sociais foram
definidas com base em religiões e grande parte do conhecimento científico,
"filosófico" e artístico tiveram como vetores os grupos religiosos,
que durante a maior parte da história da humanidade estiveram vinculados ao
poder político e social.”
“Hoje
em dia, apesar de todo o avanço científico, o fenômeno religioso sobrevive e
cresce, desafiando previsões que anteviram seu fim. A grande maioria da
humanidade professa alguma crença religiosa direta ou indiretamente e a
Religião continua a promover diversos movimentos humanos, e mantendo estatutos
políticos e sociais”.
Tenho
convicção de que há três motivos pelos quais as pessoas procuram uma religião: por
amor, por necessidade e por vaidade. O motivo, obviamente, trará conseqüências
na fé e no seu crescimento espiritual.
O
motivo mais freqüente é a necessidade, porque o ser humano nos momentos de
desespero busca o conforto na religião. Nessas horas precisamos de Algo Maior
em que nos apegar e, em muitos casos, é nessas horas que a fé é despertada.
A
tese antes citada afirma que é da natureza do fenômeno religioso oferecer saídas à angústias fundamentais do Ser Humano independente do contexto cultural."
Alguns
seguem cultuando a sua devoção. A maioria, no entanto, passado o sufoco,
agradecem no momento e, com o passar do tempo, se distanciam novamente da
religião só se lembrando dela novamente quando em outro momento de agonia. São
os crentes de ocasião, só tem fé quando precisam.
Em
outra categoria estão os ‘religiosos show’, que são aqueles que usam a religião
por vaidade, querem ser notados, querem os palcos, querem platéia e divulgam a
sua religião como sendo a certa, a correta e a que todos devem respeitar e
seguir. Normalmente procuram usar a religião para tirar alguma vantagem dos
demais. São os vendedores de fé. A sua religião tem um preço e tem muita gente
desinformada que paga. Nesse nicho quanto mais ignorante (no sendo de não ter conhecimento)
melhor para a religião, pois são mais fáceis de ser manipulados.
O
terceiro motivo é o amor, quando a religião é praticada visando unicamente a
servir o próximo, onde a caridade é o mandamento maior. Nesse nicho estão todos
aqueles que acreditam que a religião é o sustentáculo da vida espiritual e que
sabem que estão aqui de passagem, que dentre outras missões uma delas é dar a
sua parcela de contribuição para ajudar os que precisam. Nesta categoria de
fiéis é onde encontramos uma diversidade maior entre os seus praticantes, desde
os mais cultos até os menos informados, dos mais abastados aos menos favorecidos
e na religião todos se igualam pois são nivelados pelo sentimento que os une: o
amor.
Excelente crônica. Não sei qual é a sua religião, mas seja ela qual for, tem um fiel de nível e comprometido.
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