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domingo, 12 de fevereiro de 2012

O Ópio do Povo


                        A uma semana do Carnaval eu vou falar de Fé. Nada contra a festa pagã, acho um feriadão ótimo pra descansar, ou não, dependendo do estado de espírito. Já tive vários tipos de Carnaval, inclusive um que passei todos os dias em casa, vendo os desfiles pela TV (todas as escolas, de todas as transmissões) e dormindo o dia todo. Tem gosto pra tudo, vai entender o ser humano, vai entender a si próprio. Sou assim, procuro fazer só o que estou afim (embora isso nem sempre seja possível, infelizmente).
                        Resolvi falar de Fé porque não tenho nada a dizer sobre o Carnaval, ainda. Talvez eu escreva alguma coisa sobre ele depois que passar, porque me programei para ter um bastante divertido este ano. Pessoal da Casa da Lua, em Floripa, se cuidem, vocês podem ser destaque aqui na próxima crônica, e eu falo mesmo! E se der vontade de falar do Carnaval no Natal é assim que vai ser. Essa é a proposta, escrever por prazer e sobre o que der na telha. Isso tem gosto de liberdade e não tem preço (credit card, não vivo sem!). Nas minhas palavras mando eu!
                        Mas vamos deixar isso pra depois e vamos ao tema proposto: Fé. É o que tem pra hoje!
                        Descobri que para os incrédulos nenhuma explicação é satisfatória e para os que têm fé não é preciso nenhuma explicação. Li isso, ou alguma coisa mais ou assim, em algum lugar e depois de refletir um pouco passei para a ação, ou seja, parei de questionar tanto os crentes (entenda-se os que crêem) e passei a cultivar e cultuar a minha fé. E não é que tem dado certo!
                        Para se falar de fé não há como não se falar de religião. É pela religião que praticamos a nossa fé e quer você queira ou não, você é adepto de alguma. Quando me refiro a religião aqui me refiro a qualquer manifestação de crença, seja ela reconhecida como religião, seita, culto, filosofia ou o nome que você queira dar. Estou me referindo à religião na forma mais genérica que o termo possa ter, ou seja, o meio, qualquer meio, pelo qual se pratica a fé. Li em uma tese tendo como foco a religião que “não há registro em qualquer estudo por parte da História, Antropologia, Sociologia ou qualquer outra "ciência" social, de um grupamento humano em qualquer época que não tenha professado algum tipo de crença religiosa. As religiões são então um fenômeno inerente a cultura humana”*.
                        O mesmo trabalho nos lembra que “grande parte de todos os movimentos humanos significativos tiveram a religião como impulsor, diversas guerras, geralmente as mais terríveis, tiveram legitimação religiosa, estruturas sociais foram definidas com base em religiões e grande parte do conhecimento científico, "filosófico" e artístico tiveram como vetores os grupos religiosos, que durante a maior parte da história da humanidade estiveram vinculados ao poder político e social.”
                        “Hoje em dia, apesar de todo o avanço científico, o fenômeno religioso sobrevive e cresce, desafiando previsões que anteviram seu fim. A grande maioria da humanidade professa alguma crença religiosa direta ou indiretamente e a Religião continua a promover diversos movimentos humanos, e mantendo estatutos políticos e sociais”.
                        Tenho convicção de que há três motivos pelos quais as pessoas procuram uma religião: por amor, por necessidade e por vaidade. O motivo, obviamente, trará conseqüências na fé e no seu crescimento espiritual.
                        O motivo mais freqüente é a necessidade, porque o ser humano nos momentos de desespero busca o conforto na religião. Nessas horas precisamos de Algo Maior em que nos apegar e, em muitos casos, é nessas horas que a fé é despertada.
                        A tese antes citada afirma que é da natureza do fenômeno religioso oferecer saídas à angústias fundamentais do Ser Humano independente do contexto cultural."
                        Alguns seguem cultuando a sua devoção. A maioria, no entanto, passado o sufoco, agradecem no momento e, com o passar do tempo, se distanciam novamente da religião só se lembrando dela novamente quando em outro momento de agonia. São os crentes de ocasião, só tem fé quando precisam.
                        Em outra categoria estão os ‘religiosos show’, que são aqueles que usam a religião por vaidade, querem ser notados, querem os palcos, querem platéia e divulgam a sua religião como sendo a certa, a correta e a que todos devem respeitar e seguir. Normalmente procuram usar a religião para tirar alguma vantagem dos demais. São os vendedores de fé. A sua religião tem um preço e tem muita gente desinformada que paga. Nesse nicho quanto mais ignorante (no sendo de não ter conhecimento) melhor para a religião, pois são mais fáceis de ser manipulados.
                        O terceiro motivo é o amor, quando a religião é praticada visando unicamente a servir o próximo, onde a caridade é o mandamento maior. Nesse nicho estão todos aqueles que acreditam que a religião é o sustentáculo da vida espiritual e que sabem que estão aqui de passagem, que dentre outras missões uma delas é dar a sua parcela de contribuição para ajudar os que precisam. Nesta categoria de fiéis é onde encontramos uma diversidade maior entre os seus praticantes, desde os mais cultos até os menos informados, dos mais abastados aos menos favorecidos e na religião todos se igualam pois são nivelados pelo sentimento que os une: o amor.

Um comentário:

  1. Excelente crônica. Não sei qual é a sua religião, mas seja ela qual for, tem um fiel de nível e comprometido.

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