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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Mea Maxima Culpa


                        Dentre as minhas imperfeições (e são muitas) a mais grave é o relapso que tenho em relação aos meus amigos. Não que não goste deles, não só gosto como os tenho como a mais valiosa de todas as conquistas, no entanto, não sou muito dado a exteriorizar isso e o mais grave é que não os procuro com a freqüência que deveria. Embora os mais próximos e íntimos conheçam essa minha deficiência, fico mortificado de culpa quando percebo que, mais uma vez, fui relapso em relação a algum deles.
                        Amigo gosta de se sentir amado, lembrado, isso sempre faz bem e fortalece o carinho que temos uns pelos outros. E não há justificativa, nessa época de facilidades de comunicação, para que passemos meses sem sequer dar um “Olá, como você está?”. Até mesmo os famigerados scraps ou posts “passando pra deixar um abraço” já cumpriria em parte a missão. Mas nem isso eu faço, porque acho que já se tornou banal e sem nenhuma emoção e na, maioria das vezes, também não respondo os que recebo. Se for aqueles enviados para dúzias de pessoas e eu no meio, aí mesmo é que não dou crédito e ainda esbravejo contra o remetente porque ele não perdeu um minuto pra enviar só pra mim.
                        Sou assim, é inato e, embora eu não seja conformista, ou me esconda atrás do conformismo fazendo o tipo Gabriela – eu nasci assim, eu cresci assim e vou ser sempre assim – por mais que eu me prometa que vou melhorar, quando vejo já se passaram meses e eu me pego pensando em um deles e fazendo a tal cobrança mental: O fulano não dá sinal de vida a tempos! E eu? Dei algum sinal de vida pro fulano? Não! Nem sinal de fumaça eu fiz!
                        O ser humano é mesmo um bicho estranho. Somos carentes por natureza, por mais que ostentemos a pose de auto-suficientes, basta o carinho de um amigo e a gente se derrete todo, mesmo que seja interiormente, pra não perder a pose. Sim, tem aqueles que se faz de importante, te olhando de cima pra baixo com um sorriso amarelo, mas se é amigo você conhece bem e já percebe que ele não está em um bom dia e nem dá bola pra isso, porque sabe que daí a pouco essa pose se desmancha e ele volta à normalidade.
                        Este Mea Culpa é pra dizer a todos vocês, meus amigos, que sim, eu os amo, vocês são importantes para mim e eu me mortifico terrivelmente por ser relapso com vocês. Podemos ficar muito tempo sem nos vermos, ou nos falarmos, mas os meus braços estarão sempre abertos para o carinhoso e caloroso abraço. O ombro sempre disponível para aquelas horas difíceis. O sorriso sempre pronto para comemorarmos as alegrias, ou simplesmente para rirmos um do outro, ou rirmos da vida, para vida, sem nenhum motivo aparente, porque sabemos que só o fato de vivermos mais um dia já é motivo de alegria, mesmo que seja um dia de cão. Parafraseando Quintana, “ele passará e nós, passarinhos!”
                        Sou avesso a algumas convenções, as considero sem sentido, vendo como único sentido o comércio que se esconde por trás delas, como os famigerados “dia de não sem quem ou o que” (Marlise, é impossível deixar de pensar em você nessas horas, pela comunhão de pensamentos).
                        Aniversários então, esqueço todos, até o meu se não fossem as cobranças pela comemoração. Já nem coloco a data nos faces da vida para evitar a culpa que sentirei ao lembrar que não dei as felicitações para esse ou aquele amigo que me felicitou por esse novo meio de comunicação. E convenhamos, é o tipo de felicitação que não muda em nada de um ano para o outro. Fico sempre achando que estou sendo repetitivo e quebrando a cabeça para escrever algo diferente, mas não adianta, essa regra não comporta exceções. Então considerem tudo o que eu já disse em aniversários passados e sintam-se cumprimentados, mesmo que eu me esqueça de fazer isso.
                        Este Mea Culpa é também por isso, para me redimir de todos os aniversários que não lhe felicitei, todos os “feliz dia de qualquer coisa” que não lhe dei, pelas muitas vezes que pensei em você e você nem ficou sabendo, pelas tantas vezes que desejei a sua presença porque o momento era “a sua cara”, mas que me esqueci depois de até mesmo comentar o evento, pelas inúmeras vezes que você me telefonou e fiquei de retornar a ligação e não liguei. Reconheço, sou desligado, sou relapso, estou tentando melhorar, mas saiba que você é importante para mim, mesmo que eu não diga isso com a freqüência que você gostaria de ouvir. Estou dizendo agora, registre, porque posso me esquecer de repetir no nosso próximo encontro.


Vídeo: Amigos


3 comentários:

  1. Temos que gostar das pessoas como elas são!!! E ponto. Senão não terá amizade. Uma hora perto outra hora longe, mas isso faz parte da vida...O verdadeiro amigo sempre saberá entender...Bjs meu querido. Saudades

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  2. Meu amor, chorei (pra variar) ao ler este texto lindo, bem coisa de João! Quero te lembrar mais uma vez, que te amo bem assim como tu és e continuo a afirmar - Feliz de quem tem um João em sua vida. Mesmo longe, sinto tua mão apertando a minha todos os momentos. mil bjs. Lú

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  3. Como disse na crônica, de alguma forma vocês fazem parte da minha história! Que bom que os nossos caminhos se cruzaram!
    Beijão!

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